Covid19 Greve dos trabalhadores do SUCH

Moção

APROVADA PELOS TRABALHADORES DO SUCH NA CONCENTRAÇÃO REALIZADA NO PORTO DIA 29 DE JUNHO DE 2020

Considerado que:

  • Os salários praticados no SUCH são muito baixos e por isso mais de 90% dos trabalhadores recebem apenas o Salário Mínimo Nacional;
  • Os trabalhadores do SUCH estiveram na primeira linha nesta fase pandémica ao assegurarem a alimentação aos médicos, enfermeiros, demais funcionários hospitalares e doentes, incluindo as vitimas da Covid-19, bem como ao assegurarem outros serviços de apoio designadamente de lavandaria, manutenção, resíduos hospitalares e limpeza;
  • Os trabalhadores viram-se confrontados neste período com regimes de 12 horas diárias, adiamento das férias, recusa de dispensa ao trabalho para assistência aos filhos, falta de pessoal e ritmos de trabalho intensos, falta de equipamentos de proteção individual e coletiva, falta de testes de despistagem da Covid-19, etc;
  • Os trabalhadores do SUCH são equiparados aos trabalhadores da saúde para cumprimento de deveres, mas não são equiparados aos trabalhadores da saúde para beneficiar de direitos;
  • O trabalho e o empenho dos trabalhadores do SUCH nesta fase difícil da vida dos trabalhadores não foram minimamente valorizados pela administração do SUCH nem pelo Governo;
  • A administração do SUCH não retomou as negociações de revisão do Acordo de Empresa para 2020, apesar dos diversos pedidos feitos pela FESAHT.
  • Assim, os trabalhadores em greve, concentrados junto aos escritórios do SUCH no Porto dia 29 de junho de 2020, exigem:
  • Negociação imediata do Acordo de Empresa para 2020;
  • Aumentos salariais de 90 euros para todos os trabalhadores, com efeitos a 1.1.2020;
  • Redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais;
  • Pagamento do subsídio de risco de 7%;
  • Pagamento do trabalho prestado ao sábado e domingo com um acréscimo de 1 euro por cada hora prestada;
  • Atualização do subsídio de refeição para 5,10 euros;
  • Criação de um regime de diuturnidades, a vencer de 4 em 4 anos, no valor de 20 euros cada;
  • Atribuição de uma compensação extraordinária para os que também estiveram na linha da frente contra a pandemia Covid-19 sejam compensados;
  • Criação de um complemento de doença e de acidente de trabalho;
  • Realização dos testes de despistarem da Covid-19 a todos os trabalhadores;
  • Reforço do quadro de pessoal, contra os ritmos intensos de trabalho, por melhores condições de vida e de trabalho.Os trabalhadores
  1. Porto, 29 de junho de 2020

Covid-19 O GOVERNO ATÉ ALMOÇAR VAI COM OS PATRÕES, MAS ABANDONA OS TRABALHADORES À SUA SORTE

O Governo foi almoçar com as associações patronais do setor da hotelaria e restauração, recebeu mais 11 reclamações do patronato, comprometeu-se a analisar cada uma delas, designadamente a redução do IVA da restauração, dinheiro a fundo perdido, redução de taxas, etc., mas ainda não teve tempo reunir com os sindicatos do setor e ouvir, de viva voz, a dramática situação social do setor, com milhares de trabalhadores na rua, sem emprego e sem salário. Continuam a chegar ao sindicato, todos os dias, denúncias de trabalhadores desesperados:

RC RESTAURANTE, não pagou os salários de março e abril aos seus 23 trabalhadores.

RESTAURANTE VINHAS D’ALHO, não pagou os salários de março e abril aos seus 15 trabalhadores.

FRIENDS LOUNGE BAR, não pagou os salários de janeiro, fevereiro, março e abril de 2020 aos seus 3 trabalhadores.

RESTAURANTE PALATO, reuniu com os seus 15 trabalhadores, no dia 13 de maio a informar que a partir do dia 18 de maio iriam reabrir ao publico, mas face a dificuldades de tesouraria irá reduzir o salário até final do ano e que ninguém vai ter ferias nem folgas até ao final do ano.

RESTAURANTE FRIENDS, não pagou os salários de janeiro, fevereiro, março e abril aos seus 5 trabalhadores.

CHURRASQUEIRA DA ESTAÇÃO DE CAMPANHÃ, não pagou o salário de abril aos seus 5 trabalhadores.

RESTAURANTE METRO DA TRINDADE, só pagou parte do salário de março e não pagou o salário de abril aos seus 6 trabalhadores.

RESTAURANTE ROTEIRO EM FESTA, não pagou o salário de abril aos seus 3 trabalhadores.

BAR PRIORIDADE, pagou apenas 200 euros por conta do salário de abril aos seus 6 trabalhadores, alguns dos quais ilegais.

RESTAURANTE MAISON JOÃOZINHO, pagou apenas 200 euros por conta do salário de abril aos seus 6 trabalhadores, alguns dos quais ilegais.

PASTELARIA CARAVELA, não pagou os salários de março e abril aos seus 12 trabalhadores.

POEMAS E FRASES, não pagou o salário de abril aos seus 3 trabalhadores.

RESTAURANTE OPORTO, não pagou o salário de abril aos seus 12 trabalhadores.

RESTAURANTE PICANHA NA PEDRA, não pagou os salários de abril aos seus 4 trabalhadores.

Porto, 19 de maio de 2020                                    A Direção

Covid-19 NA RESTAURAÇÃO E BEBIDAS, OS TRABALHADORES TÊM DE ESTAR EM PRIMEIRO LUGAR

A Direção Geral de Saúde publicou no passado dia 8 do corrente mês de maio as orientações e procedimentos em estabelecimentos de restauração e bebidas, designadamente restaurantes, cafés, pastelarias e similares.

Em primeiro lugar a FESAHT faz o reparo público ao facto da DGS que, tendo ouvido as associações patronais, e bem, não ouviu os sindicatos do setor.

Estando em geral de acordo com as orientações emanadas pela DGS para o setor – embora algumas de difícil concretização -, a FESAHT não pode deixar de lembrar que os trabalhadores do setor terão um papel central para o seu cumprimento, pelo que as condições de proteção da sua saúde, a formação, as condições de trabalho, o respeito pelos seus direitos e, em geral, a valorização do trabalho serão fundamentais para que sejam as mesmas cumpridas na integra.

Medicina no Trabalho

É preciso implementar em todas as empresas de restauração e bebidas a medicina no trabalho, pois a maioria destas empresas não tinham implementada a medicina no trabalho antes da Covid-19, sendo que, não basta ter medicina no trabalho, é preciso cumprir na íntegra as diretivas dos técnicos da medicina no trabalho, já que neste setor impera uma cultura de incumprimento das leis.

Por isso, reclama-se que a formação a dar nesta área aos trabalhadores e gerentes das empresas seja feita pelos técnicos de medicina no trabalho antes ainda dos estabelecimentos reabrirem e sempre que sejam admitidos novos trabalhadores.

É fundamental também criar amplos espaços para os trabalhadores permanecerem, nomeadamente, instalações sanitárias suficientes, cacifos, refeitório, etc..

Legalização de todos os trabalhadores

Num levantamento sindical feito há alguns anos, verificamos que cerca de 30% dos trabalhadores do setor não estavam declarados à Segurança Social. Além disso, um grande número de trabalhadores deste setor recebe uma parte significativa do seu salário (200/300 euros) que não é declarada à Segurança Social e às Finanças. Estes problemas ficaram a descoberto neste tempo de pandemia quando muitos milhares de trabalhadores ficaram sem qualquer proteção social e outros que ficaram em regime de lay-off foram muito penalizados, pois recebendo 900/1200 euros de salário liquido todos os meses viram a sua retribuição baixar brutalmente para o valor líquido de 565,15 euros.

Atualização salarial e reintegração dos trabalhadores despedidos

O patronato do setor rompeu com as negociações que estavam a decorrer, mal se começou a sentir a pandemia provocada pela Covid-19. Agora que o setor vai reabrir, é necessário atualizar de forma digna os salários dos trabalhadores de forma a compensá-los pelas perdas brutais que injustamente tiveram neste período, mas também como forma de os motivar para a nova realidade que vão ter e as exigências acrescidas que vão enfrentar.

É preciso também obrigar o patronato a pagar os salários que deixou de pagar e a reintegrar os milhares de trabalhadores despedidos nos seus postos de trabalho com todos os direitos incluindo a antiguidade.

Lisboa, 11 de maio de 2020       

                                                 A Direção Nacional da FESAHT