Covid-19 NA RESTAURAÇÃO E BEBIDAS, OS TRABALHADORES TÊM DE ESTAR EM PRIMEIRO LUGAR

A Direção Geral de Saúde publicou no passado dia 8 do corrente mês de maio as orientações e procedimentos em estabelecimentos de restauração e bebidas, designadamente restaurantes, cafés, pastelarias e similares.

Em primeiro lugar a FESAHT faz o reparo público ao facto da DGS que, tendo ouvido as associações patronais, e bem, não ouviu os sindicatos do setor.

Estando em geral de acordo com as orientações emanadas pela DGS para o setor – embora algumas de difícil concretização -, a FESAHT não pode deixar de lembrar que os trabalhadores do setor terão um papel central para o seu cumprimento, pelo que as condições de proteção da sua saúde, a formação, as condições de trabalho, o respeito pelos seus direitos e, em geral, a valorização do trabalho serão fundamentais para que sejam as mesmas cumpridas na integra.

Medicina no Trabalho

É preciso implementar em todas as empresas de restauração e bebidas a medicina no trabalho, pois a maioria destas empresas não tinham implementada a medicina no trabalho antes da Covid-19, sendo que, não basta ter medicina no trabalho, é preciso cumprir na íntegra as diretivas dos técnicos da medicina no trabalho, já que neste setor impera uma cultura de incumprimento das leis.

Por isso, reclama-se que a formação a dar nesta área aos trabalhadores e gerentes das empresas seja feita pelos técnicos de medicina no trabalho antes ainda dos estabelecimentos reabrirem e sempre que sejam admitidos novos trabalhadores.

É fundamental também criar amplos espaços para os trabalhadores permanecerem, nomeadamente, instalações sanitárias suficientes, cacifos, refeitório, etc..

Legalização de todos os trabalhadores

Num levantamento sindical feito há alguns anos, verificamos que cerca de 30% dos trabalhadores do setor não estavam declarados à Segurança Social. Além disso, um grande número de trabalhadores deste setor recebe uma parte significativa do seu salário (200/300 euros) que não é declarada à Segurança Social e às Finanças. Estes problemas ficaram a descoberto neste tempo de pandemia quando muitos milhares de trabalhadores ficaram sem qualquer proteção social e outros que ficaram em regime de lay-off foram muito penalizados, pois recebendo 900/1200 euros de salário liquido todos os meses viram a sua retribuição baixar brutalmente para o valor líquido de 565,15 euros.

Atualização salarial e reintegração dos trabalhadores despedidos

O patronato do setor rompeu com as negociações que estavam a decorrer, mal se começou a sentir a pandemia provocada pela Covid-19. Agora que o setor vai reabrir, é necessário atualizar de forma digna os salários dos trabalhadores de forma a compensá-los pelas perdas brutais que injustamente tiveram neste período, mas também como forma de os motivar para a nova realidade que vão ter e as exigências acrescidas que vão enfrentar.

É preciso também obrigar o patronato a pagar os salários que deixou de pagar e a reintegrar os milhares de trabalhadores despedidos nos seus postos de trabalho com todos os direitos incluindo a antiguidade.

Lisboa, 11 de maio de 2020       

                                                 A Direção Nacional da FESAHT

Covid-19 SEIS MESES DE INCERTEZAS E LUTA DOS TRABALHADORES DA CERVEJARIA GALIZA QUE PROMETEM CONTINUAR

A gerência da cervejaria Galiza não cumpriu a promessa feita no Ministério do Trabalho de meter um processo de insolvência controlada e recuperação da empresa e continua a deixar ao abandono a situação dos trabalhadores da Galiza.

Entretanto, um credor requereu a insolvência da empresa no passado dia 21 de abril, mas até à data a empresa não foi notificada, o que é muito estranho.

Os trabalhadores, no quadro epidémico existente, conseguiram com a venda de refeições em serviço de take-away, receber 450 euros por conta do salário de abril, mas estão por pagar faturas de água, luz, gás e renda, pois não há fundo de caixa suficiente e a gerência recusa pagar.

Os trabalhadores estão a prepara as condições do restaurante para receber os clientes no dia 19, conforme as recomendações da DGS e, para desta forma, poderem receber o resto do salário de abril e o salário de maio.

Os trabalhadores não desistem da defesa dos seus postos de trabalho e da viabilização da empresa e prometem continuar a luta até haver um desfecho favorável às suas espectativas.

Porto, 11 de maio de 2020

                                                                                              A Direção

Covid-19 GRUPO PESTANA POUSADAS QUER RENOVAR LAY-OFF NAS POUSADAS MAS O SINDICATO MANIFESTA-SE CONTRA E EXIGE SALÁRIO COMPLETO

A Grupo Pestana Pousadas, S. A. (GPP) que explora as Pousadas de Portugal solicitou um parecer aos delegados sindicais sobre a renovação do regime de lay-off aos trabalhadores que trabalham nas 34 pousadas da rede.

A GPP não cumpriu os formalismos e procedimentos legais, designadamente não concretizou a alegada crise empresarial, não informou em concreto quais os trabalhadores que vão estar abrangidos pela medida da suspensão, indicou apenas que um pequeno número vai continuar a trabalhar, nem informa quais os que vão estar em regime de redução de horário e não informa os critérios usados na escolha de uns e de outros.

Os salários praticados na GPP são muito baixos e qualquer redução da retribuição dos trabalhadores agrava significativamente a já débil situação económica dos trabalhadores.

No quadro pandémico que vivemos, a situação ainda é mais grave, pois a generalidade da população foi afetada com o crescimento do desemprego, redução brutal do ganho mensal e acréscimo de despesas familiares inerentes à situação que vivemos.

Por outro lado, a GPP vive uma boa situação económica com resultados líquidos de exploração sempre a subir há anos consecutivos.

Em 2018, a GPP obteve mais de 41 milhões de euros de receita, já tinha tido dois anos excecionais em 2016 e 2017 com um crescimento de dois dígitos, bem como nos anos anteriores, pois desde 2012 tem crescido todos os anos em dormidas, ocupação e receitas. Os resultados de 2019 ainda não são públicos, mas todos os indicadores apontam para resultados similares aos dos anos anteriores.

Além disso, a GPP continua a investir no estrangeiro e, depois do Brasil, São Tomé e Uruguai, o GPP anunciou um novo projeto para uma pousada, desta feita para Goa.

Ora, o sindicato não é contra os investimentos, bem pelo contrário, mas que adianta tantos investimentos se os salários praticados em Portugal são tão baixos?

Recorde-se que a GPP não atualizou os salários da generalidade dos trabalhadores em 2019 e 2020, sendo que, a última vez que atualizou os salários de todos os trabalhadores foi em 2018, depois de dez anos de salários congelados.

Assim, o sindicato solicitou que sejam cumpridos os formalismos e procedimentos legais inerentes ao processo.

Contudo, e desde já, o sindicato manifestou-se contra a renovação do regime de lay-off e, caso a GPP pretenda, mesmo assim, manter a sua proposta de renovação do lay-off, então o sindicato reclama que a GPP complete os salários dos trabalhadores com o pagamento de 100% da retribuição em maio, com retroativos a abril, como se os trabalhadores estivessem em efetivo serviço.

O Estado tem a maioria do capital da Enatur, a quem pertencem as pousadas e, por isso, o Governo deve intervir e impedir este abuso por parte do Grupo Pestana.

Porto, 8 de maio de 2020                                                   A Direção

Covid-19 MUITAS EMPRESAS DA RESTAURAÇÃO E HOTELARIA NÃO PAGARAM OS SALÁRIOS DE MARÇO E ABRIL AOS TRABALHADORES

O sindicato está a receber novas denúncias de empresas que não pagaram os salários de março e abril aos trabalhadores, algumas nem o salário de fevereiro pagaram, a saber:

RESTAURANTE CUFRA, não pagou o salário de abril aos seus 80 trabalhadores.

BINGO BOAVISTA, a Pefaco, S. A., que explora a sala de jogo Bingo Boavista, não pagou o salário de abril aos seus 62 trabalhadores.

HOTEL BETA PORTO, só pagou 50% do salário de março e não pagou o salário de abril aos seus 25 trabalhadores.

HOTEL DESCOBERTAS RIBEIRA, não pagou o salário de abril aos seus 22 trabalhadores.

SECTOR MAIS, que explora a cantina da PT Tenente Valadim, pagou apenas parte do salário de março e não pagou o abril aos 22 trabalhadores.

POUSADA BARÃO FORRESTER, não pagou o salário de abril aos seus 12 trabalhadores.

RESTAURANTE “O MURO” só pagou 50% do salário de fevereiro e não pagou os salários de março e de abril aos seus 11 trabalhadores.

PETISCARIAS SANTO ANTÓNIO, só pagou 150 euros relativos ao salário de março de 2020 e não pagou o salário de abril aos seus 9 trabalhadores dos três restaurantes.

SWANS EMPIRE, enviou uma carta dia 7 de abril, com data de 30 de março, a rescindir o contrato de trabalho aos seus 8 trabalhadores, alegando a extinção do posto de trabalho.

RESTAURANTE JÁ LÁ FOSTE, só pagou 50% do salário de março e não pagou o salário de abril aos seus 5 trabalhadores.

EDDY CYCLING CAFÉ, só pagou 150 euros relativos ao salário de março de 2020 e não pagou o salário de abril aos seus 4 trabalhadores.

PICANHA GRIL, não pagou os salários de fevereiro, março e abril aos 3 trabalhadores, tendo pago apenas a uma trabalhadora 50% do salário de fevereiro.

Todas estas empresas foram denunciadas à ACT.

As empresas não pagaram os salários e o Governo não criou nenhuma linha de apoio para estes trabalhadores, apesar das propostas sindicais feitas.

Muitos milhares de trabalhadores estão na mesma situação a nível nacional.

Porto, 6 de maio de 2020                                                A Direção

Convid-19 1.º Maio de 2020

O 1.º de Maio de 2020 no Porto foi realizado em tempo de pandemia, mas também de resistência e de luta contra os despedimentos selvagens, o lay-off e os cortes salariais brutais; a falta de pagamento dos salários de março e abril a mais de 200 mil trabalhadores de restaurantes, cafés, pastelarias e similares, mas também de estabelecimentos de alojamento local e alguns hotéis; tempo em que o Governo presta vassalagem ao patronato dando-lhes todos os apoios imagináveis e com todos os facilitemos, ao mesmo tempo em que deixa os trabalhadores abandonados à sua sorte. A luta nos próximos tempos vai ter de endurecer para defender direitos e melhorar salários.

Covid-19 HOTEL BETA PORTO NÃO PAGOU O SALÁRIO DE MARÇO NEM VAI PAGAR O DE ABRIL

O Hotel Beta Porto, que é um hotel de média dimensão da cidade do Porto com 126 quartos e cerca de 40 trabalhadores, agora reduzidos a 25, não pagou o salário de março nem vai pagar o de abril.

Este hotel, que pertence ao grupo Belver, com hotéis em Lisboa e no Algarve, sempre teve uma boa ocupação de clientes, quer na restauração quer no alojamento, em particular de grupos e, por isso, não há nenhuma razão para esta situação de salários em atraso.

Os trabalhadores acusam a administração da empresa de gastar o dinheiro dos salários dos trabalhadores em grandes banquetes, dormidas e passeios para os amigos.

Ainda há dias o hotel recebeu de uma agência de viagens o valor de 26 mil euros, que chegava para pagar o salário de março a todos os trabalhadores, mas tal valor foi desviado para destino desconhecido.

A empresa, hipocritamente, fez hoje um comunicado aos trabalhadores a lamentar a situação, a informar que requereu o lay-off, que aguarda uma decisão da Segurança Social e que se candidatou a um apoio à tesouraria de um banco para pagar os salários.

Contudo, os trabalhadores estão indignados e já não acreditam na administração da empresa, tendo decidido hoje em plenário suspender o contrato de trabalho ao abrigo do artigo 325.º do Código do Trabalho.

Porto, 30 de abril de 2020                                          A Direção

Covid-19 ESTAMOS NO FINAL DE ABRIL E MUITOS TRABALHADORES DA RESTAURAÇÃO AINDA NÃO RECEBERAM O SALÁRIO DE MARÇO

Estamos no final do mês de abril e muitos trabalhadores da restauração ainda não receberam o salário de março, a saber:

RESTAURANTE DA TERRA, não pagou o salário de março aos seus 21 trabalhadores;

RC RESTAURANTE, não pagou o salário de março aos seus 16 trabalhadores;

RESTAURANTE BULHA BOLHÃO, não pagou o salário de março aos seus 15 trabalhadores;

RESTAURANTE VINHAS D’ ALHO, não pagou o salário de março aos seus 15 trabalhadores;

RESTAURANTE BONJARDIM, não pagou o salário de março aos seus 7 trabalhadores.

SNACK BAR PICCA DILY, não pagou o salário de março aos seus 3 trabalhadores.

Porto, 29 de abril de 2020                                          A Direção

Covid-19 IBERSOL TEVE LUCROS DE 27 MILHÕES EM 2019, EMPURROU 5 MIL TRABALHADORES PARA O LAY-OFF E QUER REDUZIR O SALÁRIO A QUEM ESTÁ A TRABALHAR

O grupo Ibersol, que detém as marcas Pizza Hut, Burger King e KFC, entre outras, obteve lucros de 27,1 milhões de euros em 2019, mais 8,2% que em 2018, sendo que nos últimos três anos teve lucros de 80 milhões de euros.

Não é admissível, por isso, que o grupo Ibersol, na primeira contrariedade do seu negócio e num quadro de grandes dificuldades para os trabalhadores, recorra ao lay-off e, deste modo, reduza a retribuição a cerca de 5 mil trabalhadores.

Além disso, o grupo Ibersol pretende reduzir o valor por entrega aos distribuidores da Pizza Hut de 0,71€ para 0,67€ por entrega, alegando a redução do preço da gasolina no mercado.

Ora, estes trabalhadores exercem funções de risco e merecem, não uma redução da retribuição, mas um prémio de risco, como aliás reclamam há muito tempo.

Por outro lado, estes e os demais trabalhadores do grupo Ibersol, não tiveram nenhuma atualização salarial em 2019, salvo o valor do SMN que passaram a receber em janeiro.

Cerca de 80% dos trabalhadores do grupo Ibersol auferem o Salário Mínimo Nacional, o que é uma vergonha para uma empresa com estes lucros acumulados.

Além disso, as vendas da Pizza Hut têm aumentado muito neste quadro epidémico e os trabalhadores não têm beneficiado nada com isso.

Por outro lado, a empresa, em lugar de aumentar o seu quadro de pessoal, tem recorrido à Uber Eats e à Glovo para a entrega ao domicilio de refeições, pondo em causa a qualidade de serviço, já que estas empresas não garantem a mesma qualidade que a Ibersol, não só pela falta de formação profissional dos distribuidores, mas também e fundamentalmente pela qualidade dos sacos dos transportadores, muitos deles em mau estado, que não garantem mínimas condições de segurança e qualidade do produto da marca Ibersol.

O sindicato já reclamou junto da empresa um maior investimento na abertura de novas lojas e contratação de mais distribuidores para assegurar uma maior área pela sua marca e dispensar as outras distribuidoras.

Além de pagar mal, o grupo Ibersol não garante as melhores condições de trabalho aos distribuidores, pois há falhas gritantes na proteção individual onde o gel desinfetante só foi distribuído individualmente uma vez aos distribuidores e, como esse acabou, só podem desinfetar as mãos quando chegam ao estabelecimento.

Há ainda outra queixa recente dos distribuidores pois não sabem para onde vão as gratificações deixadas pelos clientes que encomendam através das aplicações Uber Eats, uma vez que os clientes já perguntaram aos distribuidores se estão a receber as gratificações que eles dão. O sindicato já reclamou à empresa, mas não obteve resposta.

Porto, 27 de abril de 2020                                                A Direção

Covid-19 MAIS EMPRESAS QUE NÃO PAGARAM O SALÁRIO DE MARÇO

O sindicato continua a receber denúncias de empresas que não pagaram o salário de março, a saber:

RESTAURANTE FUGA, não pagou na totalidade o salário de março aos seus 32 trabalhadores, pagou apenas 50%;

RESTAURANTE IMPAR FLORES, não pagou o salário de março aos seus 28 trabalhadores;

RESTAURANTE SANTO PIZZARIA STEAKHOUSE, não pagou o salário de março aos seus 24 trabalhadores;

CAFÉ HAMBURG, não pagou os salários de fevereiro e março aos seus 3 trabalhadores.

Entretanto, por força das reclamações, protestos e denúncias feitas, algumas (poucas) empresas que não tinham pago o salário de março já regularizaram a situação, o que demonstra que vale a pena lutar.

A situação dos trabalhadores que não receberam o salário de março, agrava-se agora com a perspetiva de também não virem a receber o salário do corrente mês de abril.

Porto, 27 de abril de 2020                                          A Direção